domingo, 2 de novembro de 2008

Inquietude

Os carros passam

As buzinas cessam

(Mas a inquietude fica)

Os pedestres atravessam no sinal verde

A bengala do cego marcando seus passos

(A inquietude prossegue)

A fila do ônibus está imensa

E o casal de namorados com seus sonhos

(Que a inquietude não acalenta)

O pai de família compra um bilhete

Enquanto o moleque engraxa sapatos

(A inquietude sufoca)

O luminoso sorri e cintila

O colar que o hippie ostenta

(Inquietude irônica e triste)

A porta do elevador sobe e fecha

Homens ocupados apertam botões

(No teto um espelho de inquietude)

A sirene explode pelas rua ocupadas

Incêndio Acidente e Morte

(Inquietude que chora)

A polícia perseguindo o faltoso

Olhos curiosos e limpos esquecem erros

(A inquietude oprime)

A vida padrão do empregado e do patrão

É a meta do menino futuro ancião

(Inquietude que fere)

...

Cala e caminha.

Abraça teus sonhos

E tua inquieta solidão.

Olha-te em teus olhos

E deixa que o horizonte

Torne-se mais límpido.

Ama, entretanto,

A inquietude que te orienta.


Marcia Elizabeth

Nenhum comentário: